O Brasil assistiu todo o processo de
investigação e julgamento dos envolvidos no “mensalão” do PT com certa
expectativa de que algo, enfim, mudaria na política e justiça do nosso país. A
mídia, por sua vez, cuidou de “demonizar” os petistas envolvidos, bem como
cuidou de elevar à categoria de herói nacional e defensor da causa dos justos e
oprimidos, o ministro do STF Joaquim Barbosa. Enquanto isso outra parcela da
população via ali apenas um julgamento com um evidente viéis político, pois se tratava
de representantes de um partido popular e dessa forma mereciam todo achincalhamento
público e se possível os envolvidos deveriam ser encerrados na masmorra para
que de lá jamais saíssem.
Sempre se soube da enorme mancha da
corrupção nos bastidores políticos brasileiros. Foi assim durante a ditadura
militar, durante o governo de José Sarney que entre tantos casos de corrupção
podemos lembrar de a famosa votação que lhe conferiu um mandato de cinco anos à
frente da presidência do Brasil, quando
concessões de rádios e TV se espalharam entre os políticos amigos que lhe
fizeram essa gentileza; continuou durante o governo de Fernando Collor de Melo,
que, aliás, figura como o único presidente brasileiro que sofreu um impeachmant exatamente por questões de
corrupção; teve prosseguimento no governo de Itamar Franco e acentuou-se mais
ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso em famosos casos como o da emenda
constitucional que criava a possibilidade da reeleição para mandatários a nível
federal, estadual e municipal, e para que o governo saísse vencedor no
congresso, afirma-se que políticos chegaram a receber até 200 mil reais para
apoiar o governo, fora toda a onda de privatarias,
quando boa parte do patrimônio brasileiro foi privatizado e mesmo assim nunca
antes na história do nosso país a divina pública atingiu níveis tão altos e
enquanto isso o salário dos brasileiros perdia gradativamente o seu poder de compra
e vale destacar que durante o governo FHC o salário mínimo jamais ultrapassou a
barreira dos 100 dólares; seguindo o curso da história de corrupção chegamos
aos governos populares de Luís Inácio Lula da Silva e de Dilma Roussef quando
nós brasileiros percebemos que não bastava um governo popular, isto é, um
governo que não fizesse parte da elite brasileira, para conseguir mudar esse
quadro da nossa política, pois assistimos alarmados a escalada da corrupção
tendo continuidade.
A grande questão é que ontem ficou
evidente que nada mudou na nossa justiça, pois enquanto o “mensalão” do PT foi
julgado sob aplausos da mídia e da população, quando esperava-se que ali estivesse
sendo inaugurando uma nova era na nossa história, o mesmo fim não foi dado ao “mensalão”
tucano de Minas Gerais. O STF se negou a julgar o caso do PSDB mineiro,
enviando o processo para ser analisado na justiça de Minas Gerais, dando toda
as possibilidades de que os envolvidos não paguem pelos seus crimes. Fica,
então, a lição que a justiça só foi aplicada, e com todos os requintes pirotécnicos
da exposição midiática, para aqueles que fazem parte do governo do PT, todos os
outros políticos corruptos podem dormir em paz. “Para os amigos tudo, para os
inimigos os rigores da lei”, o ex-presidente Getúlio Vargas resumiu, em uma
frase, como funciona a nossa justiça.
Outro ledo engano do povo brasileiro é
que se tirarmos o PT do governo a corrupção acabará. O problema é que a
corrupção sempre existiu e provavelmente sempre existirá no nosso país. O que emperra
o crescimento do Brasil e uma distribuição mais justa das nossas riquezas são
os ralos da corrupção que estão em todos os níveis da vida pública do nosso
país. Não adianta mudar o partido que está no poder, não adianta nem mesmo
elegermos apenas pessoas que jamais tenham sido eleitas, por que a corrupção
está arraigada no sistema que cerca, alimenta e protege toda uma teia de corrupção,
de propinas e de toda sorte de crimes contra o contribuinte brasileiro. Portanto,
se esse sistema não mudar, tudo permanecerá assim e pagaremos cada vez mais
para sustentar essa desfaçatez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário