sexta-feira, 28 de março de 2014

A justiça não mudou



O Brasil assistiu todo o processo de investigação e julgamento dos envolvidos no “mensalão” do PT com certa expectativa de que algo, enfim, mudaria na política e justiça do nosso país. A mídia, por sua vez, cuidou de “demonizar” os petistas envolvidos, bem como cuidou de elevar à categoria de herói nacional e defensor da causa dos justos e oprimidos, o ministro do STF Joaquim Barbosa. Enquanto isso outra parcela da população via ali apenas um julgamento com um evidente viéis político, pois se tratava de representantes de um partido popular e dessa forma mereciam todo achincalhamento público e se possível os envolvidos deveriam ser encerrados na masmorra para que de lá jamais saíssem.
           
Sempre se soube da enorme mancha da corrupção nos bastidores políticos brasileiros. Foi assim durante a ditadura militar, durante o governo de José Sarney que entre tantos casos de corrupção podemos lembrar de a famosa votação que lhe conferiu um mandato de cinco anos à frente da  presidência do Brasil, quando concessões de rádios e TV se espalharam entre os políticos amigos que lhe fizeram essa gentileza; continuou durante o governo de Fernando Collor de Melo, que, aliás, figura como o único presidente brasileiro que sofreu um impeachmant exatamente por questões de corrupção; teve prosseguimento no governo de Itamar Franco e acentuou-se mais ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso em famosos casos como o da emenda constitucional que criava a possibilidade da reeleição para mandatários a nível federal, estadual e municipal, e para que o governo saísse vencedor no congresso, afirma-se que políticos chegaram a receber até 200 mil reais para apoiar o governo, fora toda a onda de privatarias, quando boa parte do patrimônio brasileiro foi privatizado e mesmo assim nunca antes na história do nosso país a divina pública atingiu níveis tão altos e enquanto isso o salário dos brasileiros perdia gradativamente o seu poder de compra e vale destacar que durante o governo FHC o salário mínimo jamais ultrapassou a barreira dos 100 dólares; seguindo o curso da história de corrupção chegamos aos governos populares de Luís Inácio Lula da Silva e de Dilma Roussef quando nós brasileiros percebemos que não bastava um governo popular, isto é, um governo que não fizesse parte da elite brasileira, para conseguir mudar esse quadro da nossa política, pois assistimos alarmados a escalada da corrupção tendo continuidade.

A grande questão é que ontem ficou evidente que nada mudou na nossa justiça, pois enquanto o “mensalão” do PT foi julgado sob aplausos da mídia e da população, quando esperava-se que ali estivesse sendo inaugurando uma nova era na nossa história, o mesmo fim não foi dado ao “mensalão” tucano de Minas Gerais. O STF se negou a julgar o caso do PSDB mineiro, enviando o processo para ser analisado na justiça de Minas Gerais, dando toda as possibilidades de que os envolvidos não paguem pelos seus crimes. Fica, então, a lição que a justiça só foi aplicada, e com todos os requintes pirotécnicos da exposição midiática, para aqueles que fazem parte do governo do PT, todos os outros políticos corruptos podem dormir em paz. “Para os amigos tudo, para os inimigos os rigores da lei”, o ex-presidente Getúlio Vargas resumiu, em uma frase, como funciona a nossa justiça.

Outro ledo engano do povo brasileiro é que se tirarmos o PT do governo a corrupção acabará. O problema é que a corrupção sempre existiu e provavelmente sempre existirá no nosso país. O que emperra o crescimento do Brasil e uma distribuição mais justa das nossas riquezas são os ralos da corrupção que estão em todos os níveis da vida pública do nosso país. Não adianta mudar o partido que está no poder, não adianta nem mesmo elegermos apenas pessoas que jamais tenham sido eleitas, por que a corrupção está arraigada no sistema que cerca, alimenta e protege toda uma teia de corrupção, de propinas e de toda sorte de crimes contra o contribuinte brasileiro. Portanto, se esse sistema não mudar, tudo permanecerá assim e pagaremos cada vez mais para sustentar essa desfaçatez.


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